Agora eu entendi. Todo aquele amor pela cidade mais linda do mundo. Entendi porque tantos idealizam, tantos sonham ou escrevem sobre ela. Sei que quando fiz minha primeira visita a Torre Eiffel, eu respirei aquele ar como se pudesse prendê-lo para sempre em meus pulmões. Sim, sou mais uma dessas bobas apaixonadas pela mais bela paisagem em que pousei os olhos.
Não sei nem explicar. Paris não é uma cidade perfeita. Tem pobreza, mendigos pelas ruas, estrangeiros em empregos vulneráveis, vivendo à margem das leis e da dignidade. E sim, existem os parisienses blasés, como o pessoal da área de fumantes do Deux Moulins, ou os garçons impacientes com turistas quebrados que teimam em sentar nos Cafés...
Mas Paris é muito amor. É linda. Respira cultura, história. Tem museus e galerias por todos os cantos. As pessoas leem nos metrôs, nos parques, se vestem bem, e sim, são educados. Cheguei a ter um dia de depressão quando voltei para casa. Eu lembro da vista do alto da torre... aquela cidade branquinha e charmosa... as lágrimas me veem aos olhos involuntariamente.
Diferente de outras capitais europeias que conheci, Paris possui a história que mais ficou marcada na linha do tempo da humanidade. A Revolução Francesa, queda da Bastilha... inclusive o chão de uma praça foi feito com as pedras da bastilha, para que todos os dias o povo pudesse pisar sobre o que um dia foi o marco do Absolutismo. E mesmo assim, o povo que forjou os ideais de igualdade, fraternidade e liberdade, acabou abraçando a megalomania de Napoleão alguns anos mais tarde...
Andando pelas ruas de Paris, a grandeza de sua história e personagens salta aos olhos. O parque de Mars - ou Marte, o deus da guerra - em frente à escola de militares e os memoriais de conquistas adornam a cidade que hoje vive em aparente paz... Todos esses aspectos se misturam em minhas lembranças. Estão fragmentados e somados às imagens oníricas de pôr-do-sol à beira do rio Sena ou o borburinho do anoitecer em Montmartre.
Ah, o fim de tarde. Os homens voltando do trabalho com um pacote da baguetes ou mulheres levando flores. Os cafés lotados. A cidade luz iluminada. A música nas ruas. A Torre Eiffel brilhando com milhares de luzes piscando como vagalumes. O frio fora de época. Os lenços e cachecóis nos pescoços. Paris me fez apaixonar. Como há tempos eu não me apaixonava.