30.9.08

Aconchego das palavras

Complica comigo


Sempre que eu presenteio alguém com um livro, costumo dizer que na verdade estou dando uma oportunidade de uma viagem ou a chance de assumir uma nova identidade. Porém, tendo um papel e caneta na mão, ou melhor, teclado e ciberespaço, por que nos resumir às poucas linhas de nós mesmos?

Perguntaram-me porque o blog era dramático e as autoras complicadas. Oras, se eu tenho tanto espaço à disposição, por que me limitar a uma única versão, a minha versão, da realidade?

Fiquei conversando com meus botões as maravilhas de uma boa ficção. Com tantas histórias baseadas em fatos reais fazendo sucesso, tentei lembrar quando foi a última vez que escrevi uma história inventada. Não faz muito tempo, mas conheço muita gente que fez isso até o primário. Depois disso, só os textos expositivos, que eram uma chatice.

A Carol tem mais sorte, pois fez uma pós em literatura e tem se divertido escrevendo contos (há! Escrevi esse texto antes de você postar o conto, veja só!!).

Eu olho, então, esse vasto mundo imaginário em branco, um pseudônimo à mão e questiono se devo me apegar ao real ou à ficção. Creio que aqui, tudo é permitido. Principalmente dar vazão ao sentimento, como diz o Bidê ou Balde.

Farei exercícios de loucura, falarei a pessoas que não me ouvem, contarei mentiras e despir-me-ei de mim mesma. Não quero ser eu o tempo todo. Quero sonhar coisas impossíveis, vou desabafar, vou criar. Enfim, vou escrever. Porque escrever me alivia o espírito. Escrever me tira os pés do chão.

Acho divertida a capacidade que as letras têm de tornar um fato real em uma bela história. Gosto de tirar as palavras das prateleiras, dar uma espanada, assoprar o pó e colocá-las em uso.

Eu gosto de complicar e embaralhar o mundo, que nem é tão certinho assim, e fazer dele um amontoado de palavras.

quando Marília enrubesceu

Marília sabia o conteúdo do envelope nas mãos do carteiro. Embora o polegar do homem de dedos largos cobrisse o logotipo, ela tinha ouvido que o papel seria vermelho e cheio de selos. Era essa a cor, era essa a carta que tanto esperava. Rasgou uma das bordas com as próprias mãos. Não podia adiar. Mas as primeiras linhas que fugiam do seu indicador desiludiram a mulher. Lá estava, escrita em tinta preta, a palavra ”lamento”. Foi suficiente para que as mãos cobrissem as lágrimas.

Largou o envelope. Olhou o relógio e lembrou-se da cliente das unhas de cereja. A memória sempre lhe facilitava o otimismo. Agarrou a bolsa com a mão direita tirou o cabelo do rosto e correu.

O dia passou devagar. Cliente café, gabriela, berinjela, até a azul surgiu de última hora. Colocou os óculos e leu na agenda: cereja – 17h. Os olhos colados nas unhas e no relógio.

Com quatro minutos de atraso – quase uma mão cheia – a cereja invadiu o salão. Lourdes, a cabeleireira, reprovou com o olhar a alegria indisfarçada de Marília. A manicure não tardou a arrumar a mesa, trocar a toalha e separar o esmalte cereja. Sorriu. Pegou as mãos lisas da cliente e começou a lixar suas unhas delicadamente. A cada raspada, tentava falar, mas nada saia.

Segurou com força a mão esquerda da cereja e, olhando para as unhas ainda descoloridas, conseguiu perguntar:
A senhora escreve filmes, né?
Sim - respondeu a outra e emendou – Já viu algum dos meus?
Não, mas ouvi falar.

A pergunta lhe cortou a garganta e quase lhe fez arrancar um pedaço de carne da cereja.

Suspirou e, por fim, conseguiu perguntar por Almodovar. Ela sabia que a cliente havia o conhecido numa dessas festas de artista. Sim, a resposta afirmativa reacendeu em Marília o desejo de ver sua vida na tela. Há meses terminara o roteiro de suas tragédias. Havia tudo lá. A separação, a morte da mãe, a solidão, o batom vermelho e a saia curta da filha numa esquina do centro. Ela havia conseguido o endereço da produtora do diretor pela jornalista de unhas amarelas, a mesma que lhe financiara o curso de roteiro.

O súbito e inesperado interesse da manicure por cinema cativou cereja. Ela lhe contou sobre o encontro com Almodovar e disse que ele estaria no Brasil no próximo mês para divulgar um de seus filmes. A notícia fez Marília tirar uma lasca da cliente. A mulher gritou e a toalha se encheu de vermelho. A mesma cor do envelope. Era o sinal.

Nos dias seguintes, Marília não pensou em outra coisa. Tirou pedaços e pedaços das mulheres que lhe entregavam as mãos. Lourdes só chacoalhava os cabelos e desdenhava daquele sonho. Enquanto isso, Marília era céu no purgatório.
Cuidou de si mesma, coisa rara. A última vez que fez as unhas foi no aniversário dela, quando Lourdes e as outras armaram uma festa. Comprou revistas sobre cinema e qualquer outra em que visse impresso o nome do diretor. Numa delas, atentou para as mãos daquele homem que segurava um prêmio e sorria enaltecendo as bochechas. Os dedos finos, elegantes, limpos, mão de quem trabalha pouco. Não havia esmalte, base. Apenas o cor-de-rosa natural. Eram aqueles membros que mudariam a sua vida, pensou Marília.

Ela mudou a cor do cabelo. O loiro vencido ficou renovado pelas mechas douradas. Vestiu-se de aquarela, escolheu o vestido estampado. Inspirou-se em Sua Mãe Também. Pintou-se, preencheu o branco. Era outra.

O dia por fim chegou. Foi a vez de Marília colorir as mãos. A cor era o vermelho. A mesma do envelope. Pegou o ônibus até a capital e, com um mapa desenhado por cereja, correu a cidade. Esbarrou com tantas cores que quase se perdeu. O cinza era triste e confuso. O amarelo, o verde e o vermelho revezavam-se muito rápido, antes que conseguisse completar as litras brancas.

Quando chegou no prédio de vidro, parou um minuto. Ajeitou o cabelo no reflexo, sorriu. Desceu os olhos às mãos. Ficou olhando para as unhas e viu uma imperfeição no indicador da mão direita, lamentou. Passou o polegar em cima e tentou disfarçar o arranhão, não conseguiu. Distraída, não percebeu quando uma multidão se acotovelava em suas costas. Virou-se com o barulho e viu câmeras de TV, mulheres de unhas mal-feitas com microfones nas mãos. Largou do dedo problemático e seguiu os repórteres.

Empurra, empurra. Com as mãos, Marília derrubou um homem alto, socorreu. Foi como cega sempre à frente, com os braços estendidos, cuidando da bolsa e da preciosidade que continha. Quase ficou de fora. Entrou enganada por que um homem de punhos enormes a jogara para dentro. Segurou-se na multidão.

Quando percebeu, estava diante de sua procura. Ela viu as unhas de homem próximas às dela, as mãos cuidadas e as mangas do casaco amarelo. Reconheceria aqueles dedos em qualquer lugar que fosse, pois os tinha revisado dezenas de vezes. Não teve tempo de ver as linhas, o futuro. Não pôde ver se estava cortada. Dezenas de mãos erguidas e um silêncio repentino. Uma câmera à frente, um obstáculo a mais. Tapou com uma das mãos a lente e avançou. Tropeçou e empurrou Almodovar sem querer. Tocou-lhe as mãos, parou. Sentiu a ponta dos dedos. Não olhou o rosto, não viu nada. Quis abrir a boca para nada.

O grandalhão pegou-lhe pelos braços e tapou-lhe o grito. Ela viu as mãos do diretor mostrando a saída. As lágrimas caíram, não pode controlar. Almodovar juntou a bolsa de Marília. Ela queria gritar para que as mãos tocassem o envelope. Conseguiu. Deixou que os braços a levassem.

Levantou o rosto e encarou o diretor. As mãos não importavam mais. Mirou o envelope e indicou com a cabeça. Ele entendeu. Recolheu o papel e tomou para si. Marília estava quase fora, mas viu quando ele entrou no elevador levando nas mãos a sua vida. Nunca mais lembrou do que havia escrito, agora detestava os dramas na tela.

* Este é o primeiro conto da minha vida. Era pra ter saído num livro, mas não deu certo. Troquei o final duas vezes. Quem ler, pode deixar um comentário sincero, por gentileza? Pode assinar como anônimo, não me importo.

Conversa com meus botões

... a curiosidade matou o gato ...

29.9.08

discos na estante

Meu pai chegava em casa todos os dias depois das seis da tarde. Olhos cansados e a cara de bravo de sempre. Eu e meu irmão esperávamos o dia todo por aquele momento, quando minha mãe - sempre cheia de sacolas - e o meu pai vinham do trabalho.
Embora a nossa alegria fosse imensa - e a energia também - era um momento de silêncio. Engolíamos nossa euforia e descarregávamos o êxtase fuçando as coisas que minha mãe trazia do mercado. Depois, brincávamos bem quietinhos no quarto.
Mas o silêncio era regra apenas para nós. Na sala ao lado de onde estávamos, a música escapava pelos vãos das paredes de madeira. Meu pai ouvia seus discos preferidos - e proibidos para nós.
O que não se podia impedir era que nossos ouvidos se fechassem para aquele som. Foi daquela sala (nós chamávamos de "salinha") que escutei um dos refrãos que mais me integraram: "a tua piscina tá cheia de ratos/ tuas idéias não correspondem aos fatos/ o tempo não pára".
Impossível esconder a curiosidade aguçada pelas proibições. A sala consistia numa espécie de santuário, impenetrável por reles crianças. Sorte a minha que meus pais trabalhavam o dia todo. À tarde, sozinha em casa, sentava no chão e olhava disco por disco, letra por letra, mas não tinha coragem de ouvir (meu pai sempre teve olho clínico para mudanças na casa e a mão dele era muito pesada, como conferi em apenas duas vezes).
Lembro bem de uma capa amarela, com um rosto, com uma boca enorme, como que querendo rasgar um véu (era Goats Head Soup, dos Rolling Stones, que tinha Angie, uma das preferidas do meu pai). Gostava muito de outra de um moço loiro vestido como um selvagem - aliás tinha isso escrito em vermelho, era o nome do álbum dos Paralamas do Sucesso. O tênis branco do Cazuza na contra-capa e muitas outras imagens fazem parte da minha lembrança da salinha.
Os anos se passaram, fui crescendo e as portas do santuário ficaram menos pesadas. Eu podia entrar, tocar nos vinis e, quem diria, até ouvir uma música com meu pai. O ritual solitário noturno havia ganho mais uma adepta.
Hoje sei que quem me levou até lá foi o Cazuza. Tanta angústia e rebeldia, que o meu coração ainda ingênuo e limpo, não conseguia entender me chamavam muita atenção. Meu pai me contou que ele tinha Aids como quem revela um segredo. Lembro que não entendi, mas li a entrevista histórica nas páginas da Veja. Quando ele se foi, chorei escondida no quarto.
A salinha continua no mesmo lugar na "minha" casa. Sobreviveu às reformas frankensteins e ganhou uma nova estante. Permanecem lá as preciosidades da casa: livros e discos. Alguns dos primeiros peguei como herança antecipada, os segundos, não tive coragem. Mesmo depois de ganhar um toca-discos portátil, não podia mexer nas relíquias do meu pai. Ele já não cumpre mais o ritual na salinha, mas nunca esqueceu da música. Agora, ele assiste DVDs de shows no quarto, sempre sozinho e em silêncio. Eu faço o mesmo.
*Esse texto é uma homenagem a uma das principais influências da minha vida: meu pai.
** Eu e a Ana estamos em sintonia. Antes que eu visse que ela tinha postado uma homenagem à mãe dela, havia pensado nesse texto. Feliz coincidência.

O exemplo de dona Maria


Mais alguns anos e dona Maria se aposentava na antiga Telepar. Mas eis que o capitalismo selvagem mostrou-se cruel. A onda neoliberal resolveu desaguar no Brasil e a Telepar foi privatizada. Uma pena. Milhares foram demitidos. Inclusive dona Maria, beirando os 50 anos, quatro filhos para criar.

No começo foi difícil. Não apenas pela questão financeira, mas dona Maria não sabia parar quieta. Resolveu fazer trabalho voluntário. Numa creche. Na favela. Ia três vezes por semana. Queria mudar o mundo e foi convincente. No final do ano foi contratada. Então assumiu a vocação. Trabalhava de dia e fazia magistério à noite.

Não contente, no ano seguinte resolveu fazer vestibular. Saiu da creche, mas não antes de se apegar a um bebê e traze-lo para a família. Não tinha paciência para cursinho, então estudou em casa. Passou em segundo lugar no vestibular para Pedagogia. Era a mais velha da turma, mas nem ligou. Estudou os quatro anos, fez novas amizades, ralou muito e se formou como a melhor da turma.

Passou no primeiro concurso que viu pela frente, pegou uma das duas vagas ofertadas para pedagogo na Prefeitura. Hoje trabalha com famílias carentes, faz um curso na igreja e cuida dos cinco filhos e marido.

Realmente, tenho muito orgulho da dona Maria, minha mãe. Mas a questão não e essa. A questão é o que se aprende com isso. Quantas vezes reclamamos de nossas vidas, nos acomodamos ou nos vemos estagnados em nossos 20 e poucos anos? Não podemos esperar por uma rasteira do destino aos 50 anos para fazermos o que gostamos.

Mas nunca é tarde para mudar. Se a dona Maria consegue, todos conseguem. Todo dia é dia para mudar. Dia para resolver. Dia de agir. O mundo não vai parar para ajeitarmos nossas vidas. Felizmente, todos somos agraciados com as mesma 24 horas por dia para tomar decisões e cabe a nós usa-las sabiamente.

Comece hoje a traçar seu destino.

27.9.08

Conversa com meus botões

Quando estamos todos no mesmo bar(co), tudo fica mais divertido!!

planos para as férias

*Para ler ouvindo:
The Beatles
Quando eu pegar férias (e isso vai acontecer um dia), já tenho tudo planejado. Filtro solar pra não deixar o sol me arrasar, livros inacabados, pés na areia e uma viagem a um mundo desconhecido.
Ainda não sei quando vai ser, o que vai ser até lá. Minhas férias serão despedida e começo. Serão nova chance e mudança. E uma oportunidade. Quero rever amigos, abraçá-los todos. Enfrento até ônibus pra isso. Rever o passado, abusar do novo. E estar pronta. As férias vão chegar. Já sinto a maresia.

26.9.08

tiny dancer

http://www.youtube.com/watch?v=7Qn3tel9FWU

Conversa com meus botões

... abra espaço para o novo nas prateleiras, tire o pó daquela gaveta... o novo sempre vem...

boletim dos dias perdidos


*Para ler ouvindo:
Don't Panic
Coldplay

Mesmo com os dias perdidos pela distância, barreiras que foram criadas e todas as decisões tomadas, o tempo não parou. Muito pelo contrário, correu mais rápido do que imaginava. Nada ficou estático, tudo foi conforme a correnteza pediu e não fiz nada pra impedir.

Nos dias que se passaram, os sorrisos tomaram conta. Ombros foram oferecidos, lágrimas e angústias secaram. Ouvi músicas bonitas que não chegaram até aí. Refrão que não saiu da cabeça. E dancei.

As obrigações chegaram. Tomaram conta. Reclamei, mas não as evitei. Permiti que me preenchessem. E foi assim que os dias perdidos ficaram cheios. Controlados. Razoáveis. Suportáveis.

Esqueci as lamentações. Melhor, deixei de lado. Lembrei que não se perde o que não se tem. E que os livros de auto-ajuda mentem. Me costurei sozinha, me ergui com a fortaleza. Por final, sorri. Corri para as raízes. Vi um mundo pra conquistar. Me permiti o silêncio até sobrar só a saudade. Ganhei paciência e, finalmente, fiquei tranqüila.

Não consegui esquecer. Nem preciso disso. Só se deixa escapar da memória o que faz perder o controle. E foi isso que descartei. Sobrou a esperança. Dessa não consigo me despedir.

25.9.08

A grande fortaleza

Existe um elemento comum em todo filme ou série feito para mulheres. Seja Sex and the City (com mulheres modernas e hypes), seja Related (série que eu adorava sobre quatro irmãs em NY), seja The L Word (série sobre mulheres homossexuais) e centenas de outros seriados e filmes.

Existe algo que atrai o olhar feminino e nos traz grande identificação. Mesmo que muitas dessas histórias estejam estratosfericamente distantes de nossas realidades, as bonitas moças de NY carregam os mesmo sentimentos que nós, relés mortais, temos por nossas queridas amigas. A amizade entre estas mulheres é o que mais chama a atenção.

E por mais que o cinema enfeite, por mais que algumas situações pareçam absurdas, eis a amizade tal qual conhecemos em nosso dia-a-dia. O consolo, as conversas non-senses, as piadas, momentos bizarros, os sermões, as piras. Está tudo ali. E o principal: o amor incondicional.

Não há amiga que não ceda um pouco de seu tempo para ouvir uma irmã-escolhida, que não dê o ombro para chorar, que não folheie seu álbum de lembranças e traga algum conselho baseado em suas experiências. Uma está ao lado da outra para o que der e vier.

Mulheres compram brigas de amigas. Assumem as dores. Conseguem sentir o que a outra sente. Com apenas um olhar, sabem o que está se passando. Possuem sexto sentido aguçado. Não medem esforços para ajudar. E sabem sempre o que fazer. Elas estão ali para nos levantar quando caímos.

O que fiz foi listar uma grande quantidade de adjetivos e qualidades que vejo todos os dias refletidos nos corações de minhas amadas companheiras de alegrias e tristezas. A rotina corrida muitas vezes nos faz esquecer dizer, mas EU AMO TODAS VOCÊS!!!

Conversa com meus botões

Faça do tombo um passo de dança...

24.9.08

debaixo dos olhos

Estava pensando em batizar minhas olheiras. Pensava em Marta e Luíza, Amélia e Beatriz, ou como gêmeas, Nara e Mara. Fazia alguns meses que elas tomaram conta do meu rosto. De manhã, imensas, quase destroçavam meu bom-humor. Se eu fosse gótica, até que me cairiam bem.
Mas com o tempo, precisei me acostumar a elas. Descobri ser quase impossível me desfazer. Então, só me restou aceitá-las.
Mara e Nara (acabei me decidindo) me contaram o quanto estão cansadas. Elas me disseram pra ir dormir mais cedo. Me quiseram no clube da luta. E aconselharam a comprar um corretivo.
Graças à elas, minha a disse pra eu parar de emagrecer. E que me prefere com bochechas salientes. Então, voltei ao chocolate.
Foram as gêmeas que me disseram pra ir com mais calma. Elas me pediram pra diminuir na ansiedade. Combinaram com a gastrite que o melhor é esperar.
Belo foi o dia que as ouvi pela primeira vez. Agora eu as disfarço, mas elas estão sempre lá. Servem pra lembrar: o corretivo serve pra esconder, não pra apagar.

Conversa com meus botões

"... They tried to make me go to rehab but I said 'no, no, no'..."

Remédio pra curar essa azia


Sempre que estou mal procuro escutar música pra me animar. Geralmente dá certo. Meu status hoje é mal-humorada. Então vamos ver o que funciona comigo. Comecei com Raconteurs – Steady as she goes... Hum... swing é bom... The Soulution Orchestra… Ok, aqui está - Strokes… minha pílula de hoje…



Razorblade
The Strokes

Oh, the razorblade, that's what I call love,

I bet you'd pick it up and mess around with itIf

I put it downIt gets extremely complicated.

Anything to forget everything.

You've got to take me out,

At least once a week

Whether I'm in your arms,

Or I'm at your feet.

I know exactly what you're thinking

You won't say it now

But in your heart it's loud

Oh no, my feelings are more important than yours.

Oh, drop dead, I don't care, I won't worry.

Let it go.

Oh, the razor blade,

Wish it would snap this rope

The world is in your hand

Or it's at your throat

At times it's not that complicated

Anything to forget everything

....

23.9.08

bem-vindo ao nonsense


Mais um blog. Pra quê? Pra quem? Acho que a resposta é simples: pra mim mesma. Não sei se eu cai nessa onda dos reality shows ou na crise existencialista que assola a pós-modernidade (olha o Maffesoli aí, gente), mas sinto uma vontade doida de escrever. Como escrever pra não mandar não tem graça, nem mesmo pra quem entra nessa comunidade do Orkut, eu abro meu coraçãozinho nesse espaço, trazendo comigo uma grande amiga.

Outras amigas, por favor, não fiquem enciumadas. Todas são enormes pra mim, maiores do que eu mereço. Mas a Ana compartilha das minhas inseguranças com tanta similaridade que eu às vezes acho que pensamos as mesmas coisas sem precisar dizer. Por isso, acabei intimando-a a mergulhar comigo nesse projeto despretensioso.

Desde já lembro que muita coisa escrita aqui não será verdade ou talvez uma verdade disfarçada em ficção. Mas (sei que é difícil) peço que não hajam julgamentos e que as críticas sejam a respeito dos textos, que nada seja levado muito a sério. Nós somos meio malucas (o nome do blog diz tudo) e a gente ainda está aprendendo com os tombos da vida (alguém tem uma tala pra emprestar?).

Brincadeiras a parte, seja bem-vindo, leitor, a esse espaço. Pode entrar, pegue uma cadeira e sinta-se à vontade.

Conversa com meus botões

Adoro situações e pessoas que me fazem pensar. Que são instigantes. (incluindo seres inanimados como vocês, meus botõezinhos)

Marinheiro de algumas viagens

Geralmente a primeira coisa que devemos fazer ao chegar em um novo blog é nos apresentar ou lançar nossas propostas e objetivos. Eu postei um outro texto antes porque já havia escrito e é melhor expulsá-lo de dentro de si como se fosse uma espécie de exorcismo. Uma vez fora de mim, não me pertence mais e eu não sou mais quem o escreveu.

Para começar, a idéia é ter aqui um espaço para uma reflexão existencialista. E veio em boa hora. Porque no momento eu mais existo do que penso em minha existência. Pensar e pensar nem sempre é tão bom assim. Passamos muito tempo planejando e concretizando pouco. Pensamos demais e quando vemos a vida passa correndo.

Mas às vezes é necessário cautela. Calcular o pulo. Decidir o caminho ante a bifurcação. Nem sempre tirar no cara ou coroa dá certo. Muito menos atirar uma moeda entre razão e emoção. Muitas respostas vêm no caminho. A viagem é longa, e os sinais estão distribuídos ao redor da estrada.

No momento me sinto em um dilema, um erro de percurso. A bússola gira desordenadamente. Me pergunto se realmente quero o que pareço querer. Às vezes, a minha impressão é que forço a me encaixar em coisas às quais não pertenço, por convenção, para me sentir aceita. E estão me desloco de mim mesma e já nem sei quem sou.

Às vezes sinto uma certa culpa. E me questiono se essa culpa é minha ou se é do pensamento ao qual estou tentando me adaptar. Eis que a existência não é mesmo tão simples. E se a vida fosse tão simples, sairíamos dela vivos.

Mas fazendo uma parada nesta viagem, olho para trás e vejo que muitas coisas foram se acertando no caminho. Olha para a frente e vejo rotas inexploradas. Arriscar é sempre uma chance. Apostar implica em vencer ou perder. O melhor é embarcar nesse trem e deixar que ele me conduza por seus trilhos bem fixados ao solo, antes de fazer minha trilha a pé.

Que comece o passeio!

Conversa com meus botões

... vocês estão fora de moda!!!

Amor meu, só meu*

Que seja assim. É tão perfeito. Meu coração sempre dispara a sua presença, sorrio quando te vejo. Tua voz... Tudo isso torna mais intenso o meu sentimento. É tão sincero, vejo você seguindo, feliz... Não, não olhe para trás, por favor, não retribua o olhar... não é preciso. Ahh!

Não precisa me amar de volta e transformar tudo num drama ou tragédia. O que eu sinto é suficiente. É seguro. Não exige troca de farpas, conversas complexas, cobranças. Você é o que é e eu sinto o que sinto.

Vai que você gosta de mim também. Não, não quero. Ter que enfeitar as palavras, pendurar faixas nos viadutos, ouvir músicas melosas, fazer juras de amor eterno. Isso não é pra mim, está ótimo do jeito que está.

E se eu não atender as expectativas, não ser boa o bastante... Não quero te magoar. É melhor assim. Você lá e eu aqui. Vai que você não me ame como eu te amo... E então eu ficaria frustrada, esperando mais de você... e você com seus problemas e um meio amor. Não! Eu quero um amor inteiro ou nada feito. Do contrário, o que eu tenho me basta.

É totalmente controlável, ao meu alcance. Por que trocaria isso por incertezas, inícios traumatizantes, questionamentos e questionários, dúvidas e mais dúvidas. Não estou preparada para os jogos, não quero provar nada a ninguém.

Deixem-me em paz com meu amor platônico...

*Isso é uma ficção. E um exercício dramático...

Conversa com meus botões

1, 2, 3... testando... som... 1,2,3... blz, já tá valendo!!