30.12.08

o que esperar de um bom ano

Cada vez que escrevo aqui, penso se interessa pra alguém o que eu penso. Mas, como nosso público é restrito e a resposta dos leitores é bastante próxima, creio que ter criado o Dizzy Misses foi uma boa idéia.
Tenho certeza que a Ana concorda comigo. Espécie de terapia de choque e um exercício, escrever em um blog trouxe boas conseqüências. Aprendi a lidar com medos e traumas e descobri que os problemas, na verdade, são tolos e fáceis de resolver.
Agora que eu dei uma pausa por aqui e tive tempo para pensar, escrevo sobre o que esperar para o próximo ano. Afinal, os clichês nunca morrem.
Parece que o amargor da mágoa perdeu espaço por aqui. Temos duas jovens apaixonadas, portanto, prevejo muito açúcar (isso deve espantar muita gente). Também acredito que alguns planos também sejam mudados em virtude disso. A música, no entanto, não deve parar nunca: então, haverá muitos "fulano disse" e vídeos de Youtube.
O lado ruim - que já pudemos observar - é que a frequência dos textos deve baixar. É uma lástima, mas descobri que escrevo mais quando estou triste. Porém, a Ana deve manter isso aqui funcionando (viva as declarações de amor!).
Eu deveria escrever alguma lista de metas para o próximo ano, mas tudo está bastante embaralhado na minha cabeça. As únicas promessas são: ser mais organizada e amar sempre mais (se isso for possível).
Feliz 2009, galera!

Mallu disse:

28.12.08

E se eu dissesse...

Se eu dissesse que o amor é um abismo
de fundo escuro
e profundidade desconhecida
você pularia assim mesmo comigo?

Sem pára-quedas
coletes salva-vidas nem nada
de olhos fechados
só você e eu

Mesmo assim pularia?

Sozinha, esse mergulho
é só uma vertigem
é um risco
é uma queda sem fim

Mas com você eu pularia
sem pensar
sem piscar os olhos
sem hesitar

Com você a viagem é segura
eu perco o medo do escuro
cair não é problema
desde que seja falling in love

25.12.08

Pablo Neruda disse...

"Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em taltal não amanhece ainda a primavera.
Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
juntos desde a roupa às raízes,
juntos de outono, de água, de quadris,
até ser só tu, só eu juntos.
Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
a desembocadura da água de Boroa,
pensar que separados por trens e nações
tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos
com todos confundidos, com homens e mulheres,
com a terra que implanta e educa cravos.

23.12.08

Lá vem o sol, tchurururu


22.12.08

Fuga da zona de conforto

Cansei do medo
de calcular riscos
medir palavras
e pôr tudo na ponta do lápis

Foram precisos léguas de terra
para entender que
recomeços são possíveis
mesmo com o fim anunciado

A segunda chance
dada ao pequeno coração
que jazia cadeado na gaveta
é o suficiente

um mergulho
sob a confortável superfície
e a constatação
de que a inércia não tem mais vez

Me resta a gratidão
por meu coração ter cedido
e para com ele
pela atenção e persistência

Restam também as léguas
e a doce memória
somada a uma nova chance
e páginas em branco

19.12.08

O que se aprende em um ano

Que a gente sempre pode voltar atrás
Que não é errado se arrepender, desde que seja por algo que foi feito
Que toda experiência é válida, seja ela permanente ou temporária
Que um mesmo céu pode ter várias cores e molduras
Que se pode amar um lugar mesmo que não permaneçamos nele
Que amizade resiste ao tempo e à distância
Que saudade não mata, mas fortalece
Que família não se escolhe
Que as coisas mudam mais rápido quando não estamos por perto
Que música é divertida de qualquer jeito
Que não se pode sofrer por despedidas com antecedência
Que ADEUS não é definitivo
Que não se pode levar tão a sério


Pra lembrar o que já escrevi num antigo flog...

16.12.08

Aquele amor

Gosto daquele amor inspirador
Aquele que nos faz gostar de coisas bonitas
Que nos faz sorrir sem motivo
Ou sonhar de olhos abertos

Existe um que só nos faz sofrer
Que não dá certo desde o começo
Apesar de todos os esforços
Esse não quero mais

Já aquele outro
Que nos desafia a sermos melhores
Que nos abre os olhos
Que é livre e ao mesmo tempo rocha firme

Longe ou perto
É esse que quero para mim

15.12.08

Adivinha só...

adivinha só:
em mapa que não há X
não existe rota
você pode ir aonde quiser
e os espaços da agenda
divididos em linhas e horas
não te impedem de acordar
às 6h26min18s para ver o sol nascer
não é porque o pai quer um médico
e a mãe, professor
que você não possa
escolher o que vai ser quando crescer
não é porque todos fazem
que você tem que fazer
não é porque imitam
que você tem que copiar
adivinha só
não existe ninguém igual a você
nem os olhos ou cabelos
pode procurar o mundo inteiro
então por que repetir o que já foi feito
sonhar o que já foi realizado
querer o que os outros já tem
ir onde todos estão
há tanto a ser dito
tanto a ser amado
caminhos não percorridos
mergulhos jamais ousados
é deitar os pensamentos no travesseiro
e teimar os olhos em cerrar
esquecer o cartão-ponto
buscar as palavras fora dos livros
panoramas do alto de um balão
haja papel e tinta para tantos planos
ou malas para toda a bagagem
e advinha só
a vida está só começando

8.12.08

Tratado sobre a confusão

Algumas coisas podiam ser obviament mais simples. Mas ficou entre o certo e o duvidoso. O manear da cabeça indicava incerteza. O tamborilar dos dedos sobre a mesa, a ponta roída do lápis.
A dúvida estava ali... um caminho tosco bifurcado.

5.12.08

pra viver ouvindo

uma vida pra Marina - parte 2

Fred fora o que restou de André: da separação, dos seis tortuosos anos da união. Marina nem gostava muito da companhia do cachorro, mas tomou-o de André por vingança. Afinal, ele ficara com o orgulho da mulher. A troca havia sido justa, pensava Marina.
Nos seus 30 anos, Marina sentia-se velha, ausente de vida. Queria esquecer das perdas, mas o tempo nunca as levava, como prometiam os amigos. Assim, a tristeza envelheceu-lhe o espírito. Tornou-se amarga e criou irritações: entre elas, o tilintar dos talheres e o desprezo de Fred.
Se a pena de si mesma a prendia na cama, a agenda de domingo a incentivava a levantar. Dia de ver o pai. Seu Afonso, como a vizinhança o conhecia. Sozinho e desamparado, seu Afonso era preferido de Marina. A mãe, Beatriz, era auto-suficiente demais. Marina não apreciava o gosto da mãe pelas aulas de ginástica. Achava-a ridícula estendendo braços e pernas ao lado de adolescentes bem mais elásticas do que seus 55 anos.
Seu Afonso abafava a solidão com um sorriso sempre presente. Nas caminhadas matinais encontrava sempre os mesmos conhecidos. Todos recebiam cumprimentos e o pai de Marina não esquecia de atualizar-se sobre os outros – mais por educação do que por interesse.
Afonso perdeu Beatriz quando ela descobriu as aventuras do marido. Isso foi há dois anos. Beatriz apenas viu o que já sabia. Num impulso de lutar pelos “anos que ainda lhe restavam”, chamou a filha e comunicou a separação. Marina sentiu a felicidade nas palavras da mãe. A filha sofreu por Beatriz ter lhe contato como quem revelasse uma boa nova à uma amiga. Marina soube antes de Afonso. Ele chorou, mas ninguém viu.

(continua)

a parte 1 tá aqui, ó

4.12.08

Conversa com meus botões

Eu e minha boca grande...

1.12.08

Desimportâncias da chuva


Esqueceu onde estava. Foi por apenas alguns segundos. Estava de olhos fechados e tudo o que sabia era o que sentia. A pressão das gotas d’água sobre a pele do rosto. Geladas. O barulho dos pingos batendo no asfalto e nas folhas das árvores. Ritmado. O cheiro típico da chuva. Como pó molhado.
Fora pega de surpresa pela precipitação durante o caminho para casa. Mas não quis fugir. Resolveu enfrentar a garoa, que aos poucos se intensificava. E para isso parou, fechou os olhos, inclinou a cabeça para o alto e abriu os braços para melhor apreciar a água bem-vinda.
Queria lembrar a última vez que fez isso. Se era ainda quando criança ou se foi há alguns domingos. O que sabia é que parecia único. Como se fosse a primeira vez. E era sempre assim.
Cada vez que se deixava levar pela chuva, era um prazer diferente. Tinha um sabor diferente. Um misto de doce brincadeira e amarga surpresa. Uma bagunça no dia-a-dia. Uma traquinagem do tempo. O destino pregando uma peça.
Estava ali para se molhar. Assumir as conseqüências. Fosse uma gripe ou molhar o chão da casa. Mas no momento isso era desimportante.