1.12.08

Desimportâncias da chuva


Esqueceu onde estava. Foi por apenas alguns segundos. Estava de olhos fechados e tudo o que sabia era o que sentia. A pressão das gotas d’água sobre a pele do rosto. Geladas. O barulho dos pingos batendo no asfalto e nas folhas das árvores. Ritmado. O cheiro típico da chuva. Como pó molhado.
Fora pega de surpresa pela precipitação durante o caminho para casa. Mas não quis fugir. Resolveu enfrentar a garoa, que aos poucos se intensificava. E para isso parou, fechou os olhos, inclinou a cabeça para o alto e abriu os braços para melhor apreciar a água bem-vinda.
Queria lembrar a última vez que fez isso. Se era ainda quando criança ou se foi há alguns domingos. O que sabia é que parecia único. Como se fosse a primeira vez. E era sempre assim.
Cada vez que se deixava levar pela chuva, era um prazer diferente. Tinha um sabor diferente. Um misto de doce brincadeira e amarga surpresa. Uma bagunça no dia-a-dia. Uma traquinagem do tempo. O destino pregando uma peça.
Estava ali para se molhar. Assumir as conseqüências. Fosse uma gripe ou molhar o chão da casa. Mas no momento isso era desimportante.

Um comentário:

workaholicarol disse...

Parece insensibilidade falar de chuva num momento em que vários dos leitores desse blog estão passando pelo caos de vários dias de chuva e suas consequências... mas um jeito de falr que não precisava ser assim e que ela pode sim significar dias felizes. Que chuvas felizes caiam sobre Blumenau... :)