31.10.08

desventuras em série

Definivamente, eu sou a verdadeira kamikaze.

closer

Preciso fazer uma reforma. Ao invés do armário perto do neurônio número 1.258.495.485 (ele vive mudando de lugar), eu quero um closet. Tanta coisa pra guardar em tão pouco espaço.

John e Paul disseram...

Ele é um autêntico Homem de Lugar Nenhum
Sentado em sua terra de lugar nenhum
Fazendo todos os seus planos inexistentes para ninguém
Não tem uma opinião,
Não sabe para onde está indo
Ele não é um pouco parecido com você e eu?
Homem de Lugar Nenhum, por favor escute
Você não sabe o que está perdendo

29.10.08

projetinho

olá, leitores (se é que aqui ainda habitam)

faz tempo que me preparo para escrever algo maior do que os textinhos que publico aqui no blog. hoje foi um dia inspirador, daqueles que se tem surpresas admiráveis, mas boas demais para se acreditar. então, resolvi escrever. e tudo o que está aí abaixo surgiu como um espirro. pretendo continuar, mas ainda não tenho título ou intenção de final. digamos que esta é uma degustação e uma prova. quero opiniões.
=*



Marina sentiu o barro molhado penetrar entre seus dedos. Afundou-os ainda mais na lama. Caminhou um pouco à frente e viu a ponta do vestido branco escurecer na água fria. Olhou para trás. Estava sozinha. Então, acordou.
O sonho da lagoa na chácara da infância repetia-se insistentemente. Na verdade, era uma lembrança. Tinha certeza de que aquele dia havia sido feliz. Era um dia de sol. Diferente daquele domingo apático e preguiçoso em que a única coisa que se ouvia eram os pingos da chuva na janela. Marina tinha a certeza de que o sábado fora cheio, mas agora sozinha enrolada no edredon amarelo via-se no vazio. Não havia tristeza. Apenas a sensação fraca de um desgosto despropositado.
Os beijos que antes lhe aqueciam o rosto, agora estavam gelados na casa do outro. Simples como o fim que se conhece. Ela assegurava-se no calor do sol e na terra abaixo dos pés infantis. Havia confiança.
Depois que Marina mudou-se para o apartamento no Centro, ouvia todos os dias o tilintar dos talheres no restaurante construídos nos fundos do prédio. Os domingos tranqüilos passados com Fred aos seus pés haviam dissipado-se na correria do alimentar-se. Fred gostava da sacada e de manter-se longe do quarto frio de Marina, contrariando a alcunha de “melhor amigo do homem”, ou melhor, comprovando-a, pois a dona era mulher.

(continua)

pra se divertir

na contramão

Passado um segundo de contentamento, percebeu que estava na contramão. A pulsação aumentou e quase bateu de frente. Andava distraído, olhando para o alto, sem reconhecer o caminho que seguia. Só se deu conta de estar perdido quando baixou os olhos ao piscá-los.
Assim, a estrada à frente era desconhecida e sentiu medo. O frio do inesperado gelou o coração e fez com que retornasse. E assim ficou. Sempre o mesmo trajeto, nada de descobertas, nem novos sabores. Morreu infeliz.

Navegar é preciso








Para não ficar à deriva
nas palavras

25.10.08

O filme da minha vida

Sonhei com minha infância


Sinto que em algum momento da minha vida, tudo mudou. Deixei de ser a criança que eu era e passei a ser a mulher que sou hoje. Parece que foi brusco. Um dia acordei diferente. Lembro apenas de fragmentos de que eu era.

Muito tímida quando pequena, só tinha coragem e ousadia na hora de responder perguntas feitas em voz alta na sala de aula. Fora da escola, eu evitava conflitos em que tivesse de expor minha opinião. Por muito tempo fui assim. Minha mãe dizia que meu pai tinha a mesma mania. Guardava preocupações e pensamentos só para si. Até que um dia teve uma úlcera. Minha mãe, ao contrário, se envolvia na briga de todo mundo, adorava comprar briga e assumir responsabilidade por tudo.

Hoje, sou mais como ela. Fico contrariada quando as coisas não se encaminham do meu jeito. Do meu pai, mantive o senso de humor. Além disso, um estranho senso de compreensão, que geralmente divido com outros geminianos (como a Carol, que escreve aqui comigo). E agora, vejo minha infância tão distante. Pedaços muito difusos de memórias. E essa noite, sonhei com minha casa antiga.

Em toda minha vida, morei em três lugares. Desde o nascimento até os quinze anos, vivi num bairro afastado do centro – na Santa Paula. Lá, cresci brincando na rua, conhecendo toda a vizinhança. Tinha uma melhor amiga que nascera no mesmo dia que eu. Juliana era algumas horas mais nova. Depois, me mudei para o Centro, na antiga casa doa meus avós maternos. É onde moro até hoje. E por treze meses dividi um apartamento em Blumenau com uma amiga, a dona Roberta.

Nesta noite, sonhei que fui visitar a casa da minha infância. Eu negociava com a dona atual (que eu não conheço) para compra a casa de volta. Mas lá, eu iria viver com uma família que eu estava prestes a construir. Foi um estranho ponto de fusão entre passado e futuro. Me perguntei, ao acordar, se secretamente eu desejava morar em um bairro pacato e quisesse formar uma família. Digo isso porque hoje a idéia parece remota. E eu não soube responder. Escrevendo isso agora percebo uma certa necessidade de resgatar alguns momentos vividos. Sinto que algumas portas fechadas lá trás no tempo permanecem trancadas e esquecidas. Talvez seja hora de buscar no meu passado para me encontrar no futuro.

23.10.08

Adeus

Então era isso. A despedida. O fatídico adeus. Fitou o nos olhos e desejou mergulhar naquelas pupilas. Apenas pressionou os lábios aos dele, num misto de angústia e urgência. Abraçou como se pudesse absorvê-lo por osmose. Baixou os olhos, não conseguiria dizer sendo observada.

Lembrou de todos aqueles personagens de livros e filmes que amavam demais, mas que sabiam que o fim era a separação. Possuiam aquele amor que liberta. Aquele que permite que o outro se vá. Que torna compreensível o fato de que a felicidade não reside em si mesmos.

Era assim que ela queria se sentir. Com o maior amor do mundo. Que a faz querer o bem do outro, mais que a si própria. Queria acreditar nisso. Mesmo porque, sabia que ficaria infeliz ao vê-lo ficar e desistir dos planos que traçou. E ela também tinha planos, diferentes dos dele.

E ele levaria um pedaço do coração dela. Era inevitável. Era uma parte que pertencia apenas a ele e a mais ninguém.

Que se vá e seja feliz, então. Quem sabe um dia os dois acabem juntos. Mas nenhum dos dois vai esperar. Suas vidas vão seguir seu curso. Rumos opostos. Mas é melhor assim. Sem rancor nem nada. Apenas amor. E adeus.

* Falta um pouquinho de amor altruísta nesse mundo...

22.10.08

santa chuva

A garota olhou para o céu e previu que ia chover. Não voltou para buscar o guarda-chuva. Preferiu enfrentar os pingos gelados daquele outubro molhado.
Esqueceu que estava de sapatilhas de pano. Sentiu a umidade percorrer os dedos e causar aquela sensação desagradável que todo mundo conhece. Como mais nada sentia, a não ser melancolia, preferiu o incômodo à indiferença.
Ela desceu a rua e foi pelo caminho de sempre. O novo caminho decidido há algum tempo. Mas viu a esquina do Passado e lá resolveu entrar. A menina sentiu o coração pesar mais do que as roupas encharcadas, mas pôde aquecer-se no calor das lembranças. E foi conforto da ilusão que a fez ficar por ali.
A chuva não parou mais. Fez-se noite e ela continuava sentada na calçada. Os cabelos desgrenhados, a maquiagem borrada e tudo acabado.
Não percebia nada em volta. Tinha olhos apenas para o passado. Houve quem tentasse resgatá-la, mas ninguém conseguiu. Ninguém voltou com um guarda-chuva por que não se sabia o paradeiro da menina.
Mas, quando percebeu que os pingos cessariam, ela decidiu levantar sozinha mesmo. Nem lembra por quê. Decidiu olhar para o chão e viu que o reflexo do sol tornava a água colorida. Não era nada demais, apenas cores. Nada que curasse a dor, somente água. Mesmo assim, ela achou que era hora de sair do passado e trocar de roupa. Visitar o passado? Só nos dias de solidão.

sem voz

Quase uma semana, um fim de semana inteiro, sem minha voz. Sinto falta dela. Se alguém a encontrar, por favor, me devolva.

21.10.08

Joaninha


Ela estava zomabando de mim. Pousou no meu nariz. Assim, do nada. Estava cochilando com a janela aberta. Ela veio silenciosa, batendo as asas sofregamente. Deve ter vindo de longe. Há muito tempo não via uma dessas. Achava que na região só houvesse daquelas que são verdes com bolinhas amarelas. Peguei na ponta dos dedos... ela realmente parecia querer me dizer algo.
Me olhava fixamente nos olhos. "Que foi?"
...
Provavelmente seria tolice esperar por uma resposta. "Né?"
Nada em resposta. Apenas balançou as antenas. O insólito encontro se prolongava. Cheio de significados e metáforas. Tantas quanto existem sobre passarinhos e borboletas. Aqueles seres de parábolas que nunca esperamos encontrar no caminho, mas que enunciam a moral da história. Bichos falantes que trazem enigmas. Ou um grilo falante em nossa consciência.
"Então, dona Joaninha, o gato comeu sua língua?"
Talvez ela não precise dizer nada. Talvez seu silêncio avassalador fale mais que mil palavras. "A vida é simples assim, não é? Encontramos aquilo que não procuramos. Um dia a gente esbarra naquilo que mais queríamos. As coisas acontecem quando menos esperamos. E se não fosse assim, seria de outro jeito".
Ela consente. Não diz que sim nem não. "Você tem razão, Joaninha...", concordo enfim. Ela então alça vôo e vai embora.
Mensagem entregue.

Conversa com meu botões

Acabou-se o que era doce...

17.10.08

shine yourself 2

Depois que nos deram fones no trabalho, minha vida mudou completamente. Quando eu ouço música, me isolo do mundo. Não totalmente, é claro. Os ouvidos têm que estar livres para o telefone. Mesmo assim, a sensação de escrever com música é como meditação sem a parte do ahuuuuummm...
Eis que, dia desses observando um colega de trabalho, vejo que ele está em um site todo colorido. Coloca os fones, esboça um sorriso e balança a cabeça acompanhando o ritmo. Se aquilo faz o maior dos mal-humorados feliz, só pode ser bom, pensei. Espiei melhor e vi que era o site da OiFm. Desde então, me rendi à seleção hype-paulista da rádio. Todos os dias, toca alguma surpresinha.
Hoje, acho que a programação foi totalmente dedicada a mim. A playlist incluiu os já clássicos REM e Radiohead aos badalados The Ting Tings, Estelle, Lily Allen feat Mark Ronson, Duffy, Kings of Leon, MGMT, passando pelo barulhinho bom do Mundo Livre S/A (Meu Esquema - uma das favoritas), Cardigans e até Los Hermanos. Eu fiz uma listinha de tudo que tocou, mas esqueci na minha gaveta.
Recomendo uma passada lá só pra dar uma melhorada no mau-humor.


O post abaixo não era pra ser tão fofinho, mas, enfim, deixei que a imaginação fluísse pra expressar o "meu" momento. Sorry for that.

shine yourself

Eu to tipo disco da pior fase da Mariah, cheia de glitter. Os dias são tão leves que eu tenho medo de sair flutuando por aí. Menos mal. Agora que eu sai do dark side, posso dizer que a vida tem me acompanhado na estrada de tijolos amarelos.
Sei que O Mágico de Oz é o lance da Ana e deusmelivre sair copiando coisas dos outros (a não ser fotos - meu destalento mais amado), mas a metáfora é boa e os clássicos nunca morrem (assim como os clichês também não).
Os sapatos de rubi eu já tenho. A trilha sonora tá na mão. O leão, o homem de lata e o espantalho são colegas e me prometeram companhia. So... let the trip begin.
=*

16.10.08

Fazendo as malas



Para uma boa viagem, não esquecer de colocar na mala...

... ao lado das roupas, um punhado de ousadia...
... boa música...
... uma companhia engraçada...
... muito riso...
... nada de mapas, contar com rotas inesperadas...
... nada de planos, apenas muita disposição...
... energia...
... alegria...
... curiosidade...
... vontade de aprender e explorar...
... ahhhh, sei lá... tanta coisa.

Vamos pegar a estrada. Isso é o que importa!!!

15.10.08

Fogo

O fogo é utilizado em vários rituais. Ele simboliza principalmente a pureza. A limpeza. O fim e recomeço juntos.
Vamos queimar aqui nossas oferendas e deixar que a novidade renasça das cinzas.
Acendam os incensos e as velas.
Que o ritual de purificação comece...

good vibes

Incenso aceso... boas vibrações.
hora de recomeço
hora de enxergar
...

hora de enxergar

Para ler ouvindo: Ritmo Jovem
Polara

Aline passava os dias na espera pelo carteiro. Qualquer mensagem era bem-vinda, mesmo que seguida de uma cara mal-lavada de quem se decepciona com contas e propagandas. Mas ela não desistia. Todos os dias, fuçava a caixa de correio do prédio.
Os dias se passaram e ela tomou uma nova atitude. Esqueceria por um tempo todas as cartas, até as contas. Então, ignorou a caixa de correio. Mas, como ninguém se importava com correspondências, percebeu que os envelopes saltavam pra fora. Choveu e molhou tudo. Lá foi ela cuidar das cartas esquecidas e pagar as contas vencidas.
A boa ação virou desculpa pra voltar ao ingrato ofício. Curvar-se para ver a última carta que resta naquela fresta tão convidativa. Assim como a ocupação, a tristeza da falta de respostas lhe tomou o coração. O fim chegaria, pensou.
Saiu mais cedo do trabalho aquele dia. Passou no supermercado. Só isso?, perguntou o caixa. Só isso, repetiu Aline sem a interrogação no final. Parou em frente à sua caixa de pandora particular, tirou da sacola uma garrafa e uma pequena caixa. Sorriu como só os vencedores sabem fazer, jogou o álcool, riscou o fósforo e correu. A vizinha chamou o bombeiro, mas era tarde demais. Ninguém mais usa aquela caixa que deixa todos os envelopes enegrecidos. Aline esqueceu do martírio e agora recebe as cartas das mãos do vizinho.

O Beto Guedes disse...

Tô sentindo muita tensão nesse blog. Vamos pegar essa aura negativa e deixá-la de lado. Acendam um incenso ae...

Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez
Já sonhamos juntos semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar
Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer
Sol de primavera abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor, só nos resta aprender...

Beto Guedes

14.10.08

quem diria?

Marcelo Camelo disse:

Carol

Carol, me ajuda, por favor
eu juro, não sei mais viver longe de ti
Eu sei, você é meu amor
Imploro, por favor, não sei viver assim
Minha menina linda dos olhos de mel
Princesa de cabelos lisos como um véu
A tua boca de sorriso sem igual
Tua pele clara como as nuvens lá do céu, céu
Carol, eu sei você não vai poder me ajudar a ver você assim,
Eu sei, você é meu amor, imploro, por favor, não sei viver assim
Minha menina linda dos olhos de mel
Princesa de cabelos lisos como um véu
A tua boca de sorriso sem igual
Tua pele clara como as nuvens lá do céu, céu

Ele deve ter escrito isso quando tinha uns 15 anos de idade, mas tudo bem. Pra mim, foi uma das surpresas mais lindas, ainda mais que ele fala nos olhos de mel e nos cabelos lisos como um véu. Estou à procura do mp3. Se alguém achar, ganha um sorriso imenso de agradecimento.





pausa para o silêncio.

a atitude mais covarde,
mas eu não preciso ser corajosa sempre.

O que fica guardado



Um dia, resolvi jogar fora. Estava atrapalhando, ocupava muito espaço. Peguei, dei uma amassada e fiz uma cesta no lixo. Na manhã seguinte, misteriosamente, lá estava ele. Intacto. Imóvel. No exato lugar onde estava. Achei estranho e repeti o processo. Mas dessa vez, dei um nó no saco de lixo e pus para fora. Me certifiquei que o lixeiro o levaria.

No dia seguinte, abro os olhos e... De novo. Fico irritada e perplexa. Não pode ser possível. Penso em uma nova solução. Parece exagerada. Mas pego o ônibus que vai até o ponto mais longe da cidade e largo lá. Mal piso na soleira da porta, no caminho de volta, e lá está ele, me esperando no portão.

Resolvo, então, trancafiar num cofre, passar correntes e cadeados ao redor e jogá-lo no mar. Ufa! Parece que dessa vez é para sempre. Dois dias depois, numa ensolarada tarde, eis que estou tomando sorvete na esquina e o vejo de longe. Meio amarrotado, mancando, sujo de areia e sal. Mas que... E não adiantou. Joguei de um penhasco, lancei na areia movediça... e nada.

Não consigo me desfazer dele. Desisto. Resignada, escolho um lugar discreto da casa e o deposito lá. Vou deixá-lo ali até que se cubra de uma espessa camada de pó. Talvez coloque em uma gaveta a sete chaves ou num porão escuro. Quem sabe, um dia me mudo de casa e esqueço dele, quem sabe ele gosta da casa e não de mim. Como os gatos, que preferem os lares aos donos.

Não sei. Apenas sinto que terei de guradá-lo onde a luz do sol não toque, longe de olhos alheios até que um dia eu esqueça ou ele desapareça...

13.10.08

marcelo camelo disse:

Casa Pré-fabricada

Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar
E fazer do teu sorriso um abrigo

Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais

Mais vale o meu pranto que esse canto em solidão
Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela, a primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota

Canto que é de canto que eu vou chegar
Canto e toco um tanto que é pra te encantar
Canto para mim qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais

contrariando Cazuza:

Raspas e restos não me interessam
Pequenas poções de ilusão e
mentiras sinceras também não me interessam

para: tristeza

Para ler ouvindo: Alegria
Cartola

Sinto lhe deixar. É uma pena, mas as coisas não deram certo para nós. Por muitas vezes encontrei abrigo em seus braços, agarrei-me em você e encontrei apoio. Não é questão de traição. Aconteceu e eu não pude evitar.
Eu me apaixonei pela vida. Ela me seduziu. Eu bem que gostava do seu aconchego, da sua segurança. Mas a outra, mesmo instável, me satisfez. Sofro por ela e sei que quando isso acontecer, voltarei correndo pra você. E lhe encontrarei, mas não ficarei por muito tempo. Você sabe disso.
Foi quase um ano de fidelidade. Nos completamos em vários momentos e você não me deixou. Sei que você já foi largada inúmeras vezes. Mas sempre há quem lhe procure. Não se preocupe. Sozinha você não ficará.
Meu caso com a vida é antigo. E é com ela que vou ficar. Espero que ela me traga bons frutos, abraços gostosos e cheirinhos irresistíveis. Os sorrisos são garantidos, pelo menos. Não me leve a mal, mas você é fria e exigente. Me deixava trancada com a melancolia e quase me sufocou. Tente mudar ou, melhor, permaneça assim. Desse jeito, vai ser difícil querer me encontrar de novo com você.
Boa sorte.

Indignação


Gostaria de mostrar minha indignação em relação ao horário de verão. Por que, com tantos finais de semana disponíveis, o harário vai mudar entre o dia 18 e 19? Hein? Alguém sabe me responder? Porque é nesse exato final de semana que eu estarei em Blumenau na Oktoberfest, e num piscar de olhos, vou perdeu uma hora da minha vida. Uma hora inteira. Uma hora de festa. Eu estarei em meu caneco número X, e quando o sino da igreja (hahaha) der as doze badaladas... PLIM! Vira uma hora da manhã. Que absurdo!!! Estou indignadíssima. Que afronta. Sacrilégio. Rasteira do destino. Despropósito. Disparate. Despautério. Parvoíce. Grrrrrrrrr.

Conversa com meus botões

Bommm diaaaaa!!! Que belo dia, parou de chover, parou de fazer frio! E sexta-feira se aproxima (sim, hoje é apenas segunda, mas isso é só um detalhe). Derradeira sexta... ótimo dia para viajar!!! Sim, estou empolgada, ansiosa, contando nos dedos...

12.10.08

a sala do silêncio

Quando fomos a Porto Alegre ano passado, na Exposição dos 50 anos da RBS havia uma sala do silêncio. Não tinha como "ouvir" a ausência de som pois a sala era movimentada, com um monte de gente entrando e saindo, mas a idéia era ótima.
Eu queria ter uma sala do silêncio dentro da minha própria cabeça. Um lugar para onde meus pensamentos não chegassem e eu ficasse em estado de repouso. É disso que eu preciso. Da calmaria no meu cérebro.
Sempre tive problemas em controlar minha imaginação e essa mania de prever os problemas. Sofro em dobro, então. Trabalho em criar monstros e, depois, em destruí-los. Gostaria de mantê-los todos guardados no armário das tranqueiras que fica logo ali, perto do neurônio número 2.243.579.158.
Eu tenho facilidade em esquecer coisas ruins que aconteceram comigo, em guardá-las no tal armário. Isso é bom. Mas, ao mesmo tempo, insisto nos mesmos erros que me fizeram sofrer antes. Qual é o meu problema? Será que sou masoquista emocional?
Não sei a resposta. Mas a dificuldade em me afastar de pessoas que, mesmo sem querer, me fazem mal é a prova de que é preciso mudar? Será que isso me torna uma tola? Provavelmente o leitor esteja concordando que sim. E essa deve ser a resposta certa. A resposta que eu não posso guardar no meu armário, preciso lembrar sempre.

Rodrigo Amarante disse:

"eu sei é um doce te amar, o amargo é querer-te pra mim"

11.10.08

A Dorothy disse...

Somewhere over the rainbow,
Way up high
There's a land that
I heard of once,
In a lullaby.
Somewhere over the rainbow,
Skies are blue.
And the dreams that you dare to dream
Really do come true.
Someday I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far behind me...
Where troubles melt like lemon drops,
Way above the chimney tops,
That's where you'll find me...
Somewhere...
Over the rainbow
Bluebirds fly,
Birds fly over the rainbow
Why then oh why can't I?
If all those little bluebirds fly
Beyond the rainbow...
Why .. oh .. why .. can't I?

Versão havaiana

trilha sonora

Eu tinha uns 15 anos e um menino lá no colégio adorava Offspring. Até emprestei o Smash pra saber mais. Nem chegamos a conversar sobre isso, mas foi assim que o gosto musical passou a constar na minha lista da aprovação. Ele era playboy, nem sabia conversar. Risquei o Offspring da trilha.


O tempo passou. Era uma noite qualquer e tinha uma banda tocando no fundo. Era uma dessas montada por caras da faculdade que acabaram de aprender os primeiros acordes. A trilha sonora era Gimme Shelter. Ele chegou e disse:


- Gosto dessa música - e sorriu.


Eu sai de lado. Pensei e repensei. Reparei que acompanhou a letra. Pelo menos, não mentiu. Sorri de volta. Meses depois, descobri o truque. Uma música popular, uma banda consagrada e não há como errar. Portanto, sabe-se que The Beatles, Rolling Stones e Led Zeppelin podem ser figurinhas fáceis em um primeiro papo típico dos enroladores.


Um tempo depois, noutra noite qualquer, a banda era melhor. Local bem mais difícil de encontrar clichês. Usava uma camiseta bacana. Me disse que ouvia Radiohead. Descobri que isso é um código para os problemáticos. Creep era a música favorita. Cai fora.


Conheci um que dizia ouvir Los Hermanos. Achei interessante até ele se revoltar e criar uma aversão incompreensível pela banda. Outro gostava de música brasileira. Cartola, Noel, Tim Maia estavam sempre no set list. Quem diria que ele não tinha sensibilidade para conhecer a beleza das canções que ouvia?


As noites se passaram. System of a Down, fugi. Jota Quest, nem pensar. Gosto de tudo um pouco, sai daqui. Pavement, metido e crítico. Minha preferida é aquela banda do norte da Nova Zelândia, chato. Cachorro Grande, meio cafajeste. Do que você gosta?, oportunista.


Desisti dessa pergunta. Acabei aprendendo que as respostas são todas pra agradar. Mas tudo bem. Que goste de música já é alguma coisa. Se for fã de Los Hermanos, nem se fala. Mas tem que saber a letra. Tem que ser sincero. Senão, muda o disco, por favor.




* Esse texto é ficcional com algumas partes reais. Outra coisa, não significa que quem goste das bandas que eu citei seja assim, tá? É uma brincadeira, somente isso.

Estou precisando...




... de palavras bonitas.
De um abraço apertado.
De alguém que me tire da escuridão.
(isso parece dramático, mas acabei de ouvir isso numa canção do Snow Patrol e soou bonito)

Queria ganhar uma flor amarela
Pra pôr no cabelo e sair cantarolando
Um sorriso e um olhar
Que me indicassem o caminho
Que mostrassem que tudo pode ser simples

Estou precisando de uma mão
Pra entrelaçar às minhas
Um elogio, logo pela manhã
Um trevo com mais de três folhas
Lábios que não os meus

Um perfume diferente do meu
Alguém pra gritar meu nome
Que conheça as músicas que eu gosto
E que dê a elas um significado especial...

Que pise manso com seu all-star e me dê colo

10.10.08

dia de sorte


Para ler ouvindo: Girassóis
Cidadão Quem

Dias de sorte nem sempre começam bem. Podem começar atrasados, quando todo mundo já está trabalhando ou fazendo outras coisas. Com uma barulheira no apartamento do vizinho ou um gato miando desperado por carinho. Mas os dias de sorte chegam quando não se espera e essa é a graça.
Dias assim começam com convites inesperados. Doses de bom-humor alheio. Uma mensagem de preocupação e risadas da noite anterior. Não precisa correr atrás de nada, nem do ônibus, que chega no ponto ao mesmo tempo que você.
Eu sei que é sorte quando finalmente consegue-se respeitar o outro. Desistir do egoísmo. Dias de sorte trazem leveza e boas conversas. No meio tempo, uma música divertida, uma letra bonita e um texto interessante. Não há filas no banco, nem espera em lugares chatos.
Um bom dia é assim. Nada de grandioso. Pequenas delícias que dão algo de especial aos planos cotidianos. Dias especiais terminam com um bom filme, com um choro pela história da tela e não pelas nossas tristezas. Com saudades sem nostalgias daqueles que ficaram pra trás não porque os excluimos, mas por seguirem caminhos diferentes.
:)

madonna disse (de uma maneira bem dançante)

Jump

That is only so much you can learn in one place,
The more that I wait,the more time that I waste
I haven't got much time to waste, it's time to make my way
I'm not afraid what I'll face, but I'm afraid to stay
I'm going down my own road and I can make it alone
I'll work and I'll fight till I find a place of my own

Are you ready to jump?
Get ready to jump
Don't ever look back, oh baby,
Yes, I'm ready to jump
Just take my hands
Get ready to jump

We learned our lesson from the start, my sisters and me
The only thing you can depend on is your family
And life's gonna drop you down like the limbs of a tree
It sways and it swings and it bends until it makes you see

Are you ready to jump?
Get ready to jump
Don't ever look back, oh baby
Yes, I'm ready to jump
Just take my hands
Get ready to, are you ready?

That is only so much you can learn in one place,
The more that you wait, the more time that you waste
I'll work and I'll fight till I find a place of my own
It sways and it swings and it bends until you make it your own
I can make alone
My sisters and me

Are you ready to jump?
Get ready to jump
Don't ever look back, oh baby
Yes, I'm ready to jumpJust take my hands
Get ready to jump
Are you ready to jump?
Get ready to jump
Don't ever look back, oh baby
Yes, I'm ready to jump
Just take my hands
Get ready to, are you ready?

dinheiro na mão é vendaval

Tudo na vida tem seu preço e tudo que se faz é cobrado no final. Nunca essa frase fez tanto sentido pra mim. Hoje, quase tive um colapso por saber que devo para três bancos. Sim, isso mesmo, três.


Eu tenho 26 anos e nenhuma posse. Nada. Zip. Só uma gata que eu ganhei, algumas peças de roupas compradas na liquidação e uns sapatos coloridos. Só isso. Interesseiros de plantão podem me esquecer.


Mas eu sei bem como isso aconteceu. Eu tenho uma teoria sobre a solidão e o mercado que merecia um estudo. Não importa explicar agora. Eu só sei que a minha depressão custou caro. Roupas, viagens e outras formas baratas (para fazer o trocadilho) de compensar as perdas.

O ano foi difícil, mas agora que eu recuperei a sanidade, tenho que arranjar um jeito de pagar pelo prejuízo. É hora de crescer, Caroline. É o que me diz o extrato bancário. Crescer não é fácil, esquecer das futilidades para se preocupar com o futuro também não. Maffesoli diz que procuramos remédios imediatos para nossas doenças da alma (roubei o termo do Fabrício). E essa é a realidade.

Quais são as verdadeiras drogas que nos livram de nossas insatisfações? Eu sei que algumas servem de placebo, nada além disso. Em casos não patológicos, a cura é gratuita. Eu aprendi isso. Um abraço fraterno, um sorriso e uma risada não custam nada.

9.10.08

Fleet foxes

Li uma crítica na Folha Online e deu uma olhada no Youtube e recomento. Vale a pena conhecer essa banda de Seattle.

O Relespública disse...

Quem não se lembra de um dia longo de trovões?
Onde as vidraças não paravam de chorar em prantos vãos
Quem não se esquece dessa dor sou eu
A dor de nunca esquecer o toque da luz ao pôr do sol
Não quero nem saber, acendo um cigarrinho pra pensar
Que meu passado foi pra nunca mais
E que até hoje onde vou, percebo que ninguém
Vai parar para assistir

Se há uma luz quero tocar antes de nunca mais (4x)

Ir ao cinema e ver um longa sem piscar
E nas legendas entender que as histórias são iguais
Viram comédias se fosse contar
Trocando papos e risadas, no intervalo da sessão
Não quero nem saber, acendo um cigarrinho pra pensar

Se há uma luz quero tocar antes de nunca mais (4x)

Reles em PG sábado!!!

Day tripper



Trilha sonora

Todas as minhas viagens começam da mesma forma. Sento no meu lugar no ônibus e coloco meus fones de ouvido para ouvir minhas músicas favoritas.

Nesta semana, minha viagem foi mais longe. Além de ir para Guarapuava, como tenho feito frequentemente (duas vezes ao mês), as músicas me fizeram voltar no tempo e eu lembrei de uma das coisas que eu mais gostava quando estudei Jornalismo: dos churrascos.

Pode parecer conversa mole pra boi dormir (ou colóquio flácido para acalentar bovinos), mas aquelas festas tinham algo de surreal e mágico, e eu não estou falando de drogas.

Pra começar, era um momento de pura descontração e desencano. O povo de Jornalismo tinha essas vantagens. Não tinha muita frescura (com poucas exceções). Eu ia de chinelos, jeans rasgado (que eu rasguei em algum churrasco anterior). No primeiro ano, de Jornalismo eu usava os cabelos pintados de vermelho.

Tinha sempre muita cerveja e a gente jogava muita conversa fora. Eram nesses momentos que os calouros viravam “chegados” dos veteranos e deixavam de ser chamados de “xepas”. Ou então, sofriam constantes trotes, como serem jogados na piscina, como várias vezes pude presenciar e experimentar.

Os lugares eram os mais variados. Rancho Dallas (os melhores), chácara da Words ou da Madureira, Escondidinho (vixi), AABB (da qual fomos banidos), estacionamento não sei de onde, ou simplesmente a cancha de bocha no Campus de Uvaranas (ahhh, esse rende memórias). Até a praça na frente do Bloco A da UEPG foi palco de uma de nossas homéricas festas. Bastava ter árvores, grama e uma churrasqueira improvisada (e caixas de isopor).

Mas o melhor era a música. Ao menos eu ansiava por este momento. O curso possuía vários aspirantes a músicos. Alguns eram muito bons. E era psicodelia pura. A banda Osdetes, formados por acadêmicos do curso, tinha um repertório incrível. Mutantes, Tom Zé, Jethro Tull com a contagiante Aqualung.

Em meio a todo aquele delírio que rolava solto, ouvir Come Together dos Beatles (que eu sempre pedia aos gritos) era simplesmente catártico. Outras bandas que animaram nossos churras traziam Deep Purple, muito The Doors, mais Beatles. Quantas vezes não ouvi a famosa Guantamera (não sei quem compôs, mas a Buena Vista Social Clube toca) entoada por meus colegas, mais pra lá do que pra cá.

Tinha uma banda chamada Peiots (parece que é o nome de um cacto), cuja tecladista era do curso, e o vocalista era estúpida e ridiculamente lindo. Por sinal, ele parecia o vocalista da King of Leons e (ironicamente ou não) a banda tocava Molly Chamber’s. Me repreendo por nunca ter me lançado num mosh.

Sei que essas festas rendiam assuntos por semanas. No dia seguinte era clássico: eu, a Carol, Fernanda, Heloísa e Roberta (as Uatisdis), entre outras pessoas, sentávamos para repassar a seqüência dos fatos. Algumas de nós (hehe) não lembravam de tudo que aconteceu. Tínhamos pequenos lapsos ou não lembrávamos da cronologia dos acontecimentos.

No último ano, algumas de nós (hehe PARTE 2) batiam cartão em todos os eventos universitários da cidade. Ano de TCC, a gente queria mais era esquecer desse fantasma dos formandos.

Éramos felizes e não sabíamos. Sei lá, me bateu uma grande nostalgia nessa viagem. Nossa maior preocupação era estudar e se formar. Alguns temiam a volta pra casa, já que vários eram e outras cidades e estados. Outros preferiam adiar a idéia de ter que procurar trabalho e tomar as responsabilidades diárias de um jornalista.

...

Chego ao meu destino. Guarapuava. Pulsar Propaganda. Revista Acig. Ligações. Entrevistas. O sonho acordado acabou.

8.10.08

a vitória do último pedaço

O último pedaço sobrou. Lá estava ele, pronto para ser devorado. Viu os dentes e quis ser menor, menos delicioso, um pouco mais gordurento e talvez indesejável. Mas ele não era. Tinha consciência de ser tudo isso e mais um pouco.

Infeliz último pedaço. A glória do pouco tempo de vida logo reduziria-se a uma mistura de saliva e outros desses líquidos que se carrega no corpo. Foi testemunha de dezenas de bocadas. Centenas de mastigadas. Sobretudo, um observador. E previu o futuro tão próximo.

Mas o que ele não viu foi que outros olhos o desejavam. Outro organismo queria se alimentar daquelas preciosidade. Degustar seu sabor agridoce.

Quem o segurava percebeu. O terceiro sujeito da cena não desmentiu o interesse. O primeiro resistiu. Mas largou e deixou o último pedaço nas mãos do estranho. Um passou para o outro, os dois simularam uma pequena discussão. O último pedaço assistiu a tudo. Só não sabia em que boca terminaria.

Foi assim que a gentileza salvou aquele infeliz. Ele ficou para sempre nas bandejas coloridas. Entre copos vazios, embalagens de batata-frita e música ruim. Ele enfim sentiu-se salvo. Estava sozinho, mas não devorado.

Há!

dicas para um dia feliz (ou uma vida tranqüila)

Para ler ouvindo: Grace Kelly
Mika

- Esqueça as músicas tristes. Coloque apenas as felizes pra tocar e não preste atenção nas letras;
- Desista da superinterpretação, desapegue-se da ilusão;
- Não finja que não tem problemas, apenas descarte a angústia de tê-los
- Lembre-se dos momentos felizes, mas deixe a nostalgia no lixo;
- Retribua o carinho que lhe é dispensado, não cometa injustiças;
- Abrace a tristeza por alguns minutos, o tempo necessário para valorizar as horas de alegria que virão a seguir;
- Encare o fracasso como aprendizado, reflita um tempo sobre ele, levante a cabeça e siga em frente;
- Não tente substituir ausências, deixe que elas se calem para depois preencher espaços;
- Não carregue mágoas, o peso é grande demais para ombros renovados;
- Aprenda, sempre;
- Escreva uma nova dica a cada dia

Saudades...

... mas cansei de procurar... agora, se quiser, que me ache...

7.10.08

Chave do mistério

Sentia, mas não sabia o que fazer com aquilo. Não sabia para quem entregar. Era quentinho, aconchegante e dava sensação de borboletas no estômago. Queria dizer ao mundo que possuía aquele bem tão desejado. Queria poder dizer aquelas três palavrinhas mágicas. Precisa pôr para fora, mesmo que fosse de brincadeira. Mesmo que soubesse que seria temporário, apenas um teste. Não conseguia segurar por conta própria.

Então, sempre que alguém se aproximava, entregava a pequena chave que dava acesso ao seu tesouro. Algumas pessoas se atreviam a dar uma olhada. Muitas desdenhavam, mas a maioria dizia estar procurando outra coisa. O único alguém que realmente se interessou foi deixado de lado, passou despercebido.

Aquilo que sentia não tinha valor se não fosse dividido. Aquela chave ficaria pendurada em seu pescoço até que alguém realmente a quisesse.

6.10.08

Dormir...



Estou sem sono. Ultimamente, dormir tem sido difícil. Coloco a cabeça no travesseiro e o cérebro começa a maquinar. Idéias, idéias, idéias. Já deixo um bloco de papel do lado do travesseiro.

Também vem aqueles pensamentos do dia, repasso a agenda das próximas semanas. Trabalho, trabalho, trabalho. Resta pouco espaço para os sonhos. Mesmo assim, algumas coisas não deixo faltar. Preces do dia. Gratidão.

Mas hoje quero dormir. Profundamente. Desligar desse dia. Que os questionamentos e reflexões fiquem para o despertar. Hoje eu só quero descanso.

Conversa com meus botões

Curta a vida porque a vida é curta... sorria sempre, seja cordial. Veja as cores bonitas do mundo... Dê uma mão a quem precisa... Procure sempre o lado bom das coisas... Acredite nas pessoas. Viva cada instante com intensidade e diga sempre que puder aos seus amigos que os ama...

The boy I left behind

Valeu pela dica, Fredo!! ;)

eu e nina, nina e eu


Nina me irrita, arranca os imãs da geladeira. Arranha a parede, a minha pele. Não quer ser grande, quer fugir. Vai surfar, ir para a Austrália.
Nina destrói a cortina, quer ver o sol. Tem medo do trânsito, não gosta do tumulto.
Nina me veio em boa hora. Ela quer meu colo, meu aconchego.

que deixe, que diga, que pense, que fale...

É bom bater um papo assim gostoso com alguém!

5.10.08

Postagem aleatória

Não sei o que dizer. Nada específico hoje. Postei umas fotos no orkut, saidinha básica de ontem, muito punk rock, bandas bacanas e gente normal demais para o tipo de som. Chovia bastante, tinha neblina. Expectativas. Sinais. Deixa pra lá.

Na TV agora, Náufrago. Final muito triste. Duas pessoas que se amam muito tendo que se despedir. Desencontros da vida. Ironia. Enfim que escolher o caminho não é tão simples assim. Muito triste mesmo.

Política. Hoje é dia de escolhas. Mas tá difícil. Acho que não temos boas opções. Triste também.

Apesar de tudo, estou tranqüila, alegre. Esse mês promete muito. Vai ser bem corrido. O trampo tá ficando complicado.

Aqui acaba sendo um espaço confortável, onde encontro os amigos, digo o que penso e imagino. Nada mais que uma postagem aleatória...

Ah, o filme acaba com uma grande encruzilhada, logo após o Tom Hanks falar algo sobre o que o amanhã pode trazer...

verde velma disse:

Eu sei, perdão

Não perguntei até que ponto você pretendia me usar.
Eu esqueci que não podia fechar os olhos e abrir o coração.
Juro que não, eu não queria deixar acontecer.
Foi ilusão eu sei, perdão.
Eu não podia esperar mais de você.
Ela voltou pro lugar guardado no seu travesseiro.
E eu perdi.

*Estamos numa fase folk. Verde Velma é blumenauense com sensibilidade e voz irresistíveis. Infelizmente não achei esse clipe no Youtube. Mas vocês podem visitar a página dela no MySpace.

nota

Ficou tão pequeno que desapareceu. Ninguém viu quando. Pouca gente reclamou a ausência. Alguns deram graças a Deus.

4.10.08

dom quixote e os moinhos de vento

Para ler ouvindo: Rise
Eddie Vedder

Faz pouco tempo que os moinhos de vento se tornaram apenas moinhos de vento. E pensar que isso era apenas uma escolha, como tudo na vida.
Sempre reclamamos do que não temos ou da situação em que estamos sem perceber que o primeiro passo para tudo começa como uma encruzilhada. O lado que se escolhe é onde se vai parar. Simples assim.
Há alguns meses, minhas desculpas resumiam-se ao destino: "não era pra ser", "era pra ser assim". Jogar tudo na conta do destino é o caminho dos conformados. Um disfarce para espantar a sensação de fracasso.
Essa é a primeira fase para sair da estrada das ilusões e cair na rodovia sinuosa da realidade. Encarar o fracasso de frente. Mas, como tudo na vida, a dor pode se estender e formar feridas ou tornar-se uma lição. Basta optar como seguiremos por essa via.
Para reconhecer que os moinhos de vento não eram ameaças terríveis, tive que lembrar dos verdadeiros dragões. A frustração de nunca conseguir completar o espaço de alguém que se foi para sempre ou o abandono de quem se confiava. Estes sim são monstros reais que permanecem comigo. A cada dia tento domá-los e consigo quase esquecê-los. O primeiro pesadelo vai ficar para sempre, tenho consciência disso. É algo que foge da minha capacidade. Quanto ao segundo, desaparecerá assim que eu voltar a confiar em alguém.
Hoje não me considero um fracasso. Muito do contrário, tenho maturidade para as escolhas saudáveis - e não conformadas. Sou um dom Quixote lúcido, com armaduras feitas de feridas cicatrizes. Apenas os bravos levam arranhões, somente os que caem na luta podem ser orgulhar disso.
* Esse texto não contém mensagens subliminares, nem recados para ninguém.

3.10.08

A Mallu disse...

She's got a pretty face,
Just waiting a kiss.
Lalalalala.
She's got her own sexy grace,
But she's never been on the hot list.
Lalalalala.

She's hiding all her bubblegum,
Trying to find a real charm.
She knows more than anyone,
That her, oh babe i'm sure, her day will come.

Mallu Magalhães

2.10.08

Conversa com meus botões

... tem razão, duas horas é tempo demais para se perder... é estranho, mas quando começa, parece difícil fugir do assunto. Parece que ele deve ser exaustivamente esgotado, até que não restem dúvidas... queria, sinceramente, estar livre disto... mesmo sabendo que não existe nada novo sem tentativas... uma grande insegurança me segura, arrasta para trás... um dia bem, outro dia nem tanto... não deve ser fácil para vocês serem meus botões... deve ser bem cansativo...

para: mim


Olá,
Como tem passado? Aqui está começando a esquentar. Depois de quase um mês nublado, o sol volta a aparecer. A única coisa ruim é a umidade e essa sensação de panela de pressão. Enfim, nem tudo é perfeito.
Pensei muito no que você me disse ontem. Bom, quer dizer que anda pensando em voltar a choramingar? Francamente, ninguém mais agüenta isso, muito menos eu. Aliás, eu sou quem mais sofre com esses seus probleminhas tolos. Lembra do Segredo? Há! Então pensa nisso.
E os itens da lista? Não vai me dizer que desistiu? Isso é decepcionante. Eu já estava toda empolgada, mas você é tão instável. Eu já cansei. Cansei de ser sexy.
Eu vi que cortou o cabelo. Comprou o corretivo? Olha, não esquece de se arrumar e guardar dinheiro, hein? Tá na hora de pedir pra desenharem a tatuagem nova. Depois vai dizer que passou da idade. Ah! E, por falar nisso, eu não to velha, não! Tá maluca? Pirou? Nunca saiu do Sul e tá aí achando que viu tudo no mundo. Essa história de alma velha é uma desculpa esfarrapada.
Quem saber? To contigo e não abro. E não sou só eu, viu? Agora, vê se muda essa cara. Eu não agüento mais ver ela no espelho.
Boa sorte.
Ass: Eu.
3

Reviravolta


Abriu os olhos naquela manhã. Sabia que tudo seria diferente. Saiu da cama, olhou no espelho e sorriu. Colocou a roupa, comeu, foi trabalhar. Fazia aquilo todos os dias, mas algo dentro dela havia mudado. O mesmo caminho na rua, as mesmas pessoas, o dia nublado.

Nem mesmo o cinza do céu murchou seu sorriso. Percebia as cores do mundo como num arco-íris. Até mesmo a poça de óleo de carro no asfalto, com a água da garoa, criava uma mancha furta-cor com todas as cores do mundo. Apesar do barulho das gotas d’água, podia ouvir o barulho dos pássaros nas árvores. Apesar dos carros, ouvia o riso das crianças.

Seria um dia maravilhoso e ela sabia disso. Era um novo amanhecer, que deixava pra trás tudo que havia de errado no passado. Depois de uma grande decepção e uma noite de telejornais, percebeu que seus problemas eram pequenos diante do mundo. Então, tomou a decisão. Faria a diferença a partir dali.

1.10.08

"É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver".
Gabriel García Marquez

Razão de ser*

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

* mestre Paulo Leminski

Pecadores quase redimidos*


Quando se fala em pecado, a primeira coisa que surge na mente do cristão é a culpa. Aquela dor na consciência por causa da gula. "Que pecado, tem gente que passa fome". Aquela preguiça de ir trabalhar. "Tanta gente sem emprego, meu Deus". E agora essa. Mais pecados. Seis novos.

Aqueles que se apegam às crenças divinas, ao invisível que rege nossas vidas, não têm escapatória. Quem acredita, conhece o ditado. Deus é onipresente e onisciente. Sabe o que fazemos e o que pensamos. Quando agimos bem ou pecamos. Mesmo escondido dos olhos alheios, Ele sabe o que aprontamos.

Felizmente, a nova lista veio redimir a muitos. Manipulação genética não é algo que se aprende da noite para o dia e reles mortais não vão se ajoelhar diante do padre caso não tenha um diploma de geneticista. Enriquecer demais ou causar pobreza chegam a nos tirar peso dos ombros. Quem trabalha de sol a sol, batalha pelo pão de cada dia, não tem o que confessar. A luta diária por sobrevivência acaba sendo a penitência por estar vivo. Seguindo ainda da lista de pecados, os caretas, ou quem já passou da idade da juventude transviada, nem sequer pensam em drogas. Ser puro nunca pareceu tão fácil.

Agora, quando a redenção e o caminho para os céus parecem próximos, aquele diabinho que senta sobre um dos ombros espeta. "Você demora demais no chuveiro. Não separa o lixo. Desperdiça papel e não abre mão de usar o carro". Jogar lixo no chão nunca provocou tanta culpa. Estou pensando seriamente em comprar uma xícara e deixar no trabalho para não gastar copos descartáveis com café. Preciso lembrar-me de fechar a torneira quando escovo os dentes. Escrever nos dois lados da folha de papel e separar os recicláveis...

Perdoai-nos, Senhor. Prometo plantar cinco mudas de árvores e rezar dez Pai-Nosso.

* Escrevi essa crônica como teste para um jornal (do qual nunca tive respostas). Na época, todo mundo falava e escrevia dos recém novos pecados da Igreja Católica.

a garota das horas erradas

Aline era assim: chegava muito cedo ou vivia atrasada. Quando ia trabalhar, corria pra pegar o ônibus que já passou. Se saia cedo demais, perdia tempo no ponto. Definitivamente, era a garota das horas erradas.

Aline prometeu pra si mesma que não correria atrás de nada. Decidiu esperar. Mas não tinha muita paciência. Ninguém sabia o quanto era difícil encarar dias de chuva, sair da cama mais cedo ou desistir do café-da-manhã.

Ela bem que tentou se acostumar. Ajeitou a roupa na noite anterior, reduziu o tempo de se arrumar e passou a comer no trabalho. Mas Aline queria o tempo perdido de volta. Andava triste com a vida antecipada.

Quando achou que aquele era seu destino, conheceu Pedro. Ele trabalhava em uma relojoaria. No dia do aniversário de Aline, Pedro deu de presente um despertador. Desde então, Aline estava sempre dentro do horário. Nunca mais se atrasou e não disperdiçou minutos. Finalmente, deixou de ser a garota certa das horas erradas.