15.10.08

hora de enxergar

Para ler ouvindo: Ritmo Jovem
Polara

Aline passava os dias na espera pelo carteiro. Qualquer mensagem era bem-vinda, mesmo que seguida de uma cara mal-lavada de quem se decepciona com contas e propagandas. Mas ela não desistia. Todos os dias, fuçava a caixa de correio do prédio.
Os dias se passaram e ela tomou uma nova atitude. Esqueceria por um tempo todas as cartas, até as contas. Então, ignorou a caixa de correio. Mas, como ninguém se importava com correspondências, percebeu que os envelopes saltavam pra fora. Choveu e molhou tudo. Lá foi ela cuidar das cartas esquecidas e pagar as contas vencidas.
A boa ação virou desculpa pra voltar ao ingrato ofício. Curvar-se para ver a última carta que resta naquela fresta tão convidativa. Assim como a ocupação, a tristeza da falta de respostas lhe tomou o coração. O fim chegaria, pensou.
Saiu mais cedo do trabalho aquele dia. Passou no supermercado. Só isso?, perguntou o caixa. Só isso, repetiu Aline sem a interrogação no final. Parou em frente à sua caixa de pandora particular, tirou da sacola uma garrafa e uma pequena caixa. Sorriu como só os vencedores sabem fazer, jogou o álcool, riscou o fósforo e correu. A vizinha chamou o bombeiro, mas era tarde demais. Ninguém mais usa aquela caixa que deixa todos os envelopes enegrecidos. Aline esqueceu do martírio e agora recebe as cartas das mãos do vizinho.

Um comentário:

J disse...

Neste caso, botar fogo em alguma coisa, foi zupper válido! Adorei a Aline... Por isso, se alguém quiser me ajudar a botar fogo na faculdade, é só se inscrever no blog das Carols aqui tá!
Bjuss e Obrigada pela sugestão!

hauhauhauahuaha (risada diábolica e desesperada)