14.10.08

O que fica guardado



Um dia, resolvi jogar fora. Estava atrapalhando, ocupava muito espaço. Peguei, dei uma amassada e fiz uma cesta no lixo. Na manhã seguinte, misteriosamente, lá estava ele. Intacto. Imóvel. No exato lugar onde estava. Achei estranho e repeti o processo. Mas dessa vez, dei um nó no saco de lixo e pus para fora. Me certifiquei que o lixeiro o levaria.

No dia seguinte, abro os olhos e... De novo. Fico irritada e perplexa. Não pode ser possível. Penso em uma nova solução. Parece exagerada. Mas pego o ônibus que vai até o ponto mais longe da cidade e largo lá. Mal piso na soleira da porta, no caminho de volta, e lá está ele, me esperando no portão.

Resolvo, então, trancafiar num cofre, passar correntes e cadeados ao redor e jogá-lo no mar. Ufa! Parece que dessa vez é para sempre. Dois dias depois, numa ensolarada tarde, eis que estou tomando sorvete na esquina e o vejo de longe. Meio amarrotado, mancando, sujo de areia e sal. Mas que... E não adiantou. Joguei de um penhasco, lancei na areia movediça... e nada.

Não consigo me desfazer dele. Desisto. Resignada, escolho um lugar discreto da casa e o deposito lá. Vou deixá-lo ali até que se cubra de uma espessa camada de pó. Talvez coloque em uma gaveta a sete chaves ou num porão escuro. Quem sabe, um dia me mudo de casa e esqueço dele, quem sabe ele gosta da casa e não de mim. Como os gatos, que preferem os lares aos donos.

Não sei. Apenas sinto que terei de guradá-lo onde a luz do sol não toque, longe de olhos alheios até que um dia eu esqueça ou ele desapareça...

4 comentários:

Kraven disse...

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J disse...

Você nem tentou queimar... Huahuaha, ou vc poderia dar pra mim, eu adoro resolver esses casos de coisas inúteis que não saem da sua vida! Há!

caroline p. disse...

eu sufoquei. assassinei.

caroline p. disse...

ps. nem todos os gatos gostam mais da casa do que dos donos, viu? =P