8.10.08

a vitória do último pedaço

O último pedaço sobrou. Lá estava ele, pronto para ser devorado. Viu os dentes e quis ser menor, menos delicioso, um pouco mais gordurento e talvez indesejável. Mas ele não era. Tinha consciência de ser tudo isso e mais um pouco.

Infeliz último pedaço. A glória do pouco tempo de vida logo reduziria-se a uma mistura de saliva e outros desses líquidos que se carrega no corpo. Foi testemunha de dezenas de bocadas. Centenas de mastigadas. Sobretudo, um observador. E previu o futuro tão próximo.

Mas o que ele não viu foi que outros olhos o desejavam. Outro organismo queria se alimentar daquelas preciosidade. Degustar seu sabor agridoce.

Quem o segurava percebeu. O terceiro sujeito da cena não desmentiu o interesse. O primeiro resistiu. Mas largou e deixou o último pedaço nas mãos do estranho. Um passou para o outro, os dois simularam uma pequena discussão. O último pedaço assistiu a tudo. Só não sabia em que boca terminaria.

Foi assim que a gentileza salvou aquele infeliz. Ele ficou para sempre nas bandejas coloridas. Entre copos vazios, embalagens de batata-frita e música ruim. Ele enfim sentiu-se salvo. Estava sozinho, mas não devorado.

Há!

3 comentários:

caroline p. disse...

parafraseando dona Ana Carol: "faça do tombo um passo de dança" =)

Luma Santos disse...

isso é um big mac?
irch!
HAHAH
Beijinhos dona Carol! ;)
;*

caroline p. disse...

se o último pedaço é nojento, não fica olhando pra ele! =P
outra coisa, esse texto é dedicado à Daiane e à Wania! =*