9.10.08

Day tripper



Trilha sonora

Todas as minhas viagens começam da mesma forma. Sento no meu lugar no ônibus e coloco meus fones de ouvido para ouvir minhas músicas favoritas.

Nesta semana, minha viagem foi mais longe. Além de ir para Guarapuava, como tenho feito frequentemente (duas vezes ao mês), as músicas me fizeram voltar no tempo e eu lembrei de uma das coisas que eu mais gostava quando estudei Jornalismo: dos churrascos.

Pode parecer conversa mole pra boi dormir (ou colóquio flácido para acalentar bovinos), mas aquelas festas tinham algo de surreal e mágico, e eu não estou falando de drogas.

Pra começar, era um momento de pura descontração e desencano. O povo de Jornalismo tinha essas vantagens. Não tinha muita frescura (com poucas exceções). Eu ia de chinelos, jeans rasgado (que eu rasguei em algum churrasco anterior). No primeiro ano, de Jornalismo eu usava os cabelos pintados de vermelho.

Tinha sempre muita cerveja e a gente jogava muita conversa fora. Eram nesses momentos que os calouros viravam “chegados” dos veteranos e deixavam de ser chamados de “xepas”. Ou então, sofriam constantes trotes, como serem jogados na piscina, como várias vezes pude presenciar e experimentar.

Os lugares eram os mais variados. Rancho Dallas (os melhores), chácara da Words ou da Madureira, Escondidinho (vixi), AABB (da qual fomos banidos), estacionamento não sei de onde, ou simplesmente a cancha de bocha no Campus de Uvaranas (ahhh, esse rende memórias). Até a praça na frente do Bloco A da UEPG foi palco de uma de nossas homéricas festas. Bastava ter árvores, grama e uma churrasqueira improvisada (e caixas de isopor).

Mas o melhor era a música. Ao menos eu ansiava por este momento. O curso possuía vários aspirantes a músicos. Alguns eram muito bons. E era psicodelia pura. A banda Osdetes, formados por acadêmicos do curso, tinha um repertório incrível. Mutantes, Tom Zé, Jethro Tull com a contagiante Aqualung.

Em meio a todo aquele delírio que rolava solto, ouvir Come Together dos Beatles (que eu sempre pedia aos gritos) era simplesmente catártico. Outras bandas que animaram nossos churras traziam Deep Purple, muito The Doors, mais Beatles. Quantas vezes não ouvi a famosa Guantamera (não sei quem compôs, mas a Buena Vista Social Clube toca) entoada por meus colegas, mais pra lá do que pra cá.

Tinha uma banda chamada Peiots (parece que é o nome de um cacto), cuja tecladista era do curso, e o vocalista era estúpida e ridiculamente lindo. Por sinal, ele parecia o vocalista da King of Leons e (ironicamente ou não) a banda tocava Molly Chamber’s. Me repreendo por nunca ter me lançado num mosh.

Sei que essas festas rendiam assuntos por semanas. No dia seguinte era clássico: eu, a Carol, Fernanda, Heloísa e Roberta (as Uatisdis), entre outras pessoas, sentávamos para repassar a seqüência dos fatos. Algumas de nós (hehe) não lembravam de tudo que aconteceu. Tínhamos pequenos lapsos ou não lembrávamos da cronologia dos acontecimentos.

No último ano, algumas de nós (hehe PARTE 2) batiam cartão em todos os eventos universitários da cidade. Ano de TCC, a gente queria mais era esquecer desse fantasma dos formandos.

Éramos felizes e não sabíamos. Sei lá, me bateu uma grande nostalgia nessa viagem. Nossa maior preocupação era estudar e se formar. Alguns temiam a volta pra casa, já que vários eram e outras cidades e estados. Outros preferiam adiar a idéia de ter que procurar trabalho e tomar as responsabilidades diárias de um jornalista.

...

Chego ao meu destino. Guarapuava. Pulsar Propaganda. Revista Acig. Ligações. Entrevistas. O sonho acordado acabou.

2 comentários:

J disse...

Eu não vou comentar em todos, mas tá tudooo ótimoooooo...
Perfeitoo! Amo vcs!

caroline p. disse...

sinto falta dessas andanças, de sentar na grama, conversar com todo mundo e até ser envergonhada por uma declaração inesperada. mas tudo tem seu tempo.agora eu gosto de ir no cinema, sentar num bar com um povo bacana, ir a um show legal e realmente prestar atenção nas músicas. sinto falta das pessoas que nos rodeavam nesses churrascos, no quanto era divertido ser chata ou superlegal com esse povo. =*