20.1.10

História lida por ninguém

Ela queria escrever a melhor história do mundo. Aquelas de contos fantásticos e comoventes que fazem a pessoa querer mudar de vida. Ou um romance que transformasse o mundo num lugar melhor. Ela queria fazer a diferença. E pra isso, contava com uma caneta e um caderno, onde registrava pensamentos e vivências.

Pretensão ou não, ela gostava de escrever. Pensou em relatar uma história de amor que nunca existiu, mas que fosse bonita e impossível. Ou então numa relação de amizade que superasse fronteiras e o tempo. Queria algo que fizesse pensar. Que fosse uma grande reflexão sobre a vida.

Rabiscou e rabiscou. Até esgotar toda criatividade. Percebeu que a ficção se parecia muito com sua própria vida. E que lhe faltava experiência de vida pra falar de algo tão grandioso. Entendeu que não tinha respostas, mas só perguntas. Perguntas que nem seus personagens tão vivos podiam responder.

Era um livro vivo e sem rumo. Talvez precisasse deixar a caneta de lado e viver um pouco mais. Sorrir, chorar, amar e sofrer pra saber do que se trata. E contar essa história só no final. Mas nem toda existência precisa ser um livro aberto.

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