18.1.09

Da metalinguagem

Ou falar do próprio escrever. Eu sempre começo com uma frase ou ideia. Um único pensamento que soe coeso e fechado em si. E ponho no papel. Sim, no papel, porque para mim, a materilidade de escrever é importante. O ritmo da caneta no papel é o tempo ideal para que o último ponto puxe a próxima palavra da caneta. A partir dessa primeira frase - que surge do nada, um pensamento aleatório - o texto flui. É sempre assim. O único esforço é cortar as arestas da primeira sentença. Moldar suas curvas, afinar sua melodia. O que vem a seguir é o desmembramento dessa epifania lúcida que espalha suas ramas e raízes involuntariamente no papel. Se derrama como água pela tinta da caneta. Escorre desse cilindro para a superfície plana da celulose. E uma vez fora de mim, estas palavras já não me pertencem. Aquele que sussurrava prosas aos meus ouvidos já se fora. Quase um transe.

Um comentário:

J disse...

Eu tô dizendooooo... caramba Carolina, tua inspiração voltou!
Tava com saudade dos teus textos!
Idiota!