17.1.09

Voltou a bater

Estava quebrado. Podia ouvir o barulho dos parafusos e engranagens soltos dentro dele. Quando o sacudia, ouvia o tilintar daquela dança descompassada de peças metálicas chocando-se entre si. Eu já pensava em jogar fora, mas o apego ao objeto era muito grande, mesmo que obsoleto. Uma amiga dizia que bastava uma marteladas e uma nova mão de tinta, um pouco de cola quem sabe, e estaria como novo. Mas muitos diziam que não tinha conserto. Eu já perdia as esperanças. Até que um dia, um rapaz simpático e atencioso teve a ousadia de assumir o desafio. Foi paciente ao remover toda a ferrugem e trocar aquele parafusos tortos. Levou um mês para por tudo em ordem. Entregou novo em folha, pulsante e vivo. Afinado como uma caixinha de música, vibrava como o tic tac de um relógio. Eu não tinha palavras para agradecer aquele gesto. Sentir o coração bater de novo era um grande presente mesmo que ele não tivesse ainda dono.

Um comentário:

Alencar´s Room disse...

fiquei sem palavras e me emocionei...