Havia dias de sofrimento e dor, sim. Mas eles eram breves como lufadas de ar fresco no verão. Ela escolhia, então, não sofrer. Não pensar no assunto. Ela gostava que lhe chamassem por outro nome, era maluca e queria roubar cones das ruas.
Era tudo mais fácil para ela. Ela dançava e pulava como se ninguém olhasse. Cantava desafinada e batia palma. Não existia tempo ruim quando ela assim decidia. Inconsequente? Talvez. Mas ela era mais feliz nestes dias. Dias de eterno azul e pôr-do-sol alaranjado.
E ela dizia sim. Sim para a vida, sim para olhares curiosos. Ela não tinha medo de nada. Horizontes e amanhãs eram pretextos para fugir de casa. Eram portas abertas que ela não receava adentrar. Ela não tinha nada a perder.
Encontrei-a algumas vezes. Após o terceiro copo de cerveja. Um relance no espelho. Mas ela ficava pouco, preferia andar sem rumo, à procura da metáfora perfeita. Ela sorria sem motivo, gargalhava para sair de cena. Lembro bem do dia em nada importava. E ela nem sabia. Mas era mais fácil.
Hoje, em que tudo merece importância, ela resolveu ir embora.
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