8.3.09

Ela, de novo

O primeiro encontro foi aqui

Quando entrei no ônibus, ela já me esperava próxima à janela. Ela deveria estar guardando alguma mensagem. Sim, ela era a mensageira. De quem eu ainda não sabia. Talvez de algum oráculo. A verdade é que ela acertou da primeira vez. Disse que as coisas seriam simples e eu encontraria o que eu estava procurando. Foi o que aconteceu. Mas ela não tinha contato que duraria pouco. Que era apenas uma amostra grátis.

"Qual a boa de hoje?"

Os outros usuários de transporte coletivo passaram a suspeitar de minha sanidade no momento. "Ela já é minha conhecida, não se preocupem". É, isso só piorou a situação.

E lá estava ela parada a me fitar. Nenhuma mensagem. Comecei a questionar se ela queria apenas me fazer perder o ponto de descida. Sacanagem. Para não alarmar mais os colegas de ônibus, pressionei os dedos médio e indicador contra as têmporas, como fazia o Aquaman para conversar telepaticamente com os peixes. Lembro bem do efeito sonoro da brincadeira. Nininininininininininini.

"Achei que nunca mais a veria", pensei. Ela entendeu. "Eu encontrei o que não procurava. Foi melhor do que eu podia supor, mas mesmo assim acabou. Como sempre, as coisas vem e vão. Não temos como saber ao certo a duração desses pequenos encontros, então o importante é aproveitar enquanto duram. Finais podem significar recomeços... certo?"

O silêncio mais uma vez consentiu. "Mais alguma coisa?" Ela virou-se para sair pela janela. Me dei conta que era meu ponto. "Ah, sim. Obrigada". Ela se lançou pelo ar quente do exterior. Eu desci e segui o meu rumo.

Nenhum comentário: